Quando o petróleo é extraído, pode conter metais pesados, como mercúrio e chumbo, que permanecem nos subprodutos como gasolina e óleo diesel. A indústria petrolífera tem dificuldade em determinar a presença dessas substâncias tóxicas que, além de prejudicar a qualidade do petróleo, podem causar graves impactos ambientais, que vão da perfuração do poço a emissões provenientes dos combustíveis derivados.
Para contornar o problema, seria preciso encontrar uma forma de detectar metais pesados simples, eficiente e barata. E foi justamente essa a contribuição do químico Rodrigo Alejandro Muñoz com a tese Desenvolvimento de métodos eletroanalíticos para determinação de metais e ânions em combustíveis derivados do petróleo, defendida em 2006 no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). O trabalho ganhou, no mesmo ano, o Prêmio Petrobras de Tecnologia na área de tecnologia de preservação ambiental.
Muñoz, que atualmente é pesquisador do Centro para Bioeletrônica e Biossensores da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, explica que a implementação de métodos de extração auxiliados por ultra-som aumenta a freqüência de análises possíveis. “Podemos tratar dezenas de amostras simultaneamente, o que facilita a aplicação em laboratórios para as análises de rotina”, disse.
Outra vantagem é que o banho ultra-sônico inclui o tratamento das amostras para que essas possam ser analisadas em meio aquoso. Isso permite que o procedimento seja executado nas condições ambiente de temperatura e pressão, oferecendo segurança para o analista.
Antes, para fazer a análise diretamente no petróleo, era preciso decompor a amostra elevando a temperatura a 220 graus. Com o novo método, a extração é feita em 15 minutos, com os elementos em temperatura ambiente.
Além do banho de ultra-som, o pesquisador estudou a utilização de sondas ultra-sônicas que, embora seja uma técnica mais cara, produz uma energia localizada de maior intensidade.
Diversidade de métodos
As técnicas de ultra-som, no entanto, foram apenas uma parte do trabalho. Rodrigo Muñoz estudou métodos de decomposição de amostras de petróleo, óleos lubrificantes, óleo diesel e de óleos combustíveis em diferentes fornos de microondas. Cada um foi adaptado à técnica eletroquímica de detecção mais adequada. As metodologias de análise, todas de baixo custo, incluíram técnicas de voltametria de redissolução e eletroforese capilar.
De acordo com o pesquisador, embora os metais pesados estejam em concentrações muito pequenas nas emissões provenientes de combustíveis, o efeito acumulado é potencialmente prejudicial à saúde e ao meio ambiente.
O prêmio da Petrobras, pelo qual Muñoz recebeu R$ 20 mil reais, também deu direito a uma bolsa de pós-doutorado, a ser iniciada quando o pesquisador retornar ao Brasil, em meados deste ano. “Ainda não tenho um projeto definido, mas pretendo voltar e trabalhar com outras técnicas de análise voltadas para o biodiesel”, disse.
Fonte: Agência FAPESP
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