sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Biblioteca de teses - Marcelo Dias Müller

Produção de madeira para geração de energia elétrica numa plantação clonal de eucalipto em Itamarandiba, MG

Marcelo Dias Müller

Este trabalho teve como objetivo principal mostrar o potencial da biomassa de eucalipto para a geração de energia elétrica distribuída, por meio da simulação de um projeto piloto de reflorestamento com eucalipto. Foi implantado um experimento em áreas da ACESITA energética, no município de Itamarandiba, MG, utilizando o delineamento experimental em blocos ao acaso (3 repetições), no esquema de parcelas subdivididas (“Split Plot in time”).

As parcelas foram constituídas por 5 espaçamentos iniciais de plantio e a subparcela, pelas épocas de medição (6, 12, 18 e 24 meses). A partir dos dados de produção em biomassa/hectare foi calculada a área necessária para atender a três plantas com diferentes capacidades instaladas (1MW, 5MW e 10MW). Para avaliação da viabilidade econômica, foram considerados os custos de implantação, manutenção e colheita por hectare, para cada espaçamento, nos três diferentes cenários.

Em seguida foi realizada uma projeção de receitas com a comercialização de créditos de carbono. Foram estimados o VPL, o B(C)PE , a relação B/C e a TIR para a avaliação dos tratamentos. A fim de avaliar os aspectos ambientais relacionados com o sistema de manejo adotado, foram realizadas análises químicas para a determinação da quantidade de nutrientes alocados nos diversos compartimentos das árvores (copa, fuste – madeira + casca). A área de plantio necessária para atender a cada planta apresentou relação inversa com a densidade de plantio. A produção de eletricidade, nas condições específicas deste trabalho, se mostrou viável para os espaçamentos 3,0x0,5 e 3,0x1,0 em diferentes taxas de juros e para o espaçamento 3,0x1,5 na taxa de juros de 8%. Quando considerada a receita adicional proveniente da comercialização de créditos de carbono, observou-se um acréscimo da atratividade dos espaçamentos estudados, tornando viáveis os espaçamentos 3,0x1,5 e 3,0x2,0 (este último sendo viável somente para as taxas de juros de 8 e 10%).

Com relação ao balanço nutricional da exploração da floresta aos 24 meses de idade, em todos os casos, observou-se que, 21 a 23% dos nutrientes estão alocados na copa, 63 a 67% estão alocados na casca e 11 a 16% estão alocados no lenho. A exploração florestal aos 24 meses de idade tem maior impacto, principalmente na exportação de P, Ca, Mg e K (em menor proporção) que apresentam maiores concentrações na casca (93,82%, 90,81%, 96,97% e 42,5% respectivamente). Considerando o balanço nutricional, a necessidade de reposição de nutrientes devido à exploração, foi inversamente proporcional à densidade de plantio.

Considerando o sistema de exploração da madeira sem a casca a necessidade de reposição nutricional via fertilização é drasticamente reduzida em função do retorno proporcionado pela manutenção da biomassa de copa e da casca no sítio florestal. Isto se constitui e um indicativo de que a silvicultura com eucalipto representa um importante meio de produção de biomassa como insumo para a geração elétrica distribuída.

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