Os resultados foram publicados na edição on-line da Science e em breve estarão disponíveis na versão impressa da revista FAPESP. Segundo Verjovski-Almeida, a decodificação do genoma deverá abrir caminho para o desenvolvimento de novas alternativas de controle da disseminação da febre amarela e da dengue.
Para o pesquisador, o seqüenciamento poderá gerar novas alternativas de combate ao mosquito. O problema dos inseticidas de largo espectro é que ele causa um desbalanceamento da fauna de insetos no meio ambiente. Ao entender melhor os mecanismos biológicos do mosquito, os cientistas esperam descobrir elementos para criar inseticidas mais específicos.
“Constatamos, com surpresa, que o mosquito tem uma grande quantidade de genes codificantes de receptores olfativos. Possivelmente, isso indica que ele precisa orientar o ambiente nos nichos onde vive por meio da atração dessa química de olfato. Poderemos pensar, por exemplo, na criação de um inseticida que interfira nessa capacidade de orientação pelo olfato, atingindo apenas o Aedes”, explicou Verjovski-Almeida.
O grupo brasileiro, em parceria com colegas franceses, foi responsável pelo seqüenciamento dos genes ativos do mosquito em sua fase larval. Depois do mapeamento, feito pelos franceses, os brasileiros se dedicaram a decifrar onde estavam os genes – uma tarefa árdua devido a características particulares da espécie, que tem 15 mil genes.
“O genoma do Aedes aegypti é cinco vezes maior do que o de qualquer outro mosquito, graças a uma quantidade grande de transposons, os genes saltadores, que equivalem a 48% do genoma. As regiões intergênicas dessa espécie também estão expandidas. Montar o quebra-cabeça foi bastante trabalhoso. Tivemos que bloquear todo o genoma repetido e só restou 30% do total”, disse Verjovski-Almeida.
Os transposons são seqüências de DNA móveis que podem se autoreplicar em um determinado genoma, transmitindo-se inclusive horizontalmente, de um organismo a outro. Um vírus teria agregado o transposon no próprio material genético e o distribuído no genoma do mosquito.
Segundo Verjovski-Almeida, o Aedes aegypti acomoda em seu genoma uma grande quantidade desse tipo de vírus, que outros insetos não transportam. Com isso, pode-se inferir que o mosquito seria um vetor importante de inserção viral.
O artigo Genome sequence of Aedes aegypti, a major arbovirus vector, de Vishvanath Nene e outros, pode ser lido por assinantes da Science no site da revista.
Fonte: Agência FAPESP
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