sexta-feira, 22 de junho de 2007

Energia elétrica a partir de resíduos vegetais

Cascas de árvores, caroços de açaí e lascas de madeira de cedro são alguns tipos de resíduos vegetais testados e aprovados para serem transformados em energia elétrica por um gaseificador desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB). O equipamento foi apresentado a representantes do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), no dia 15 de junho, e será usado no programa Luz para Todos.

Chamado de gaseificador downdraft estratificado, o equipamento é composto de um cilindro de cimento refratário de 1 metro de altura, no qual a biomassa é inserida por uma abertura superior. O gás gerado pela queima desses resíduos passa por um processo de pós-tratamento para a separação de material particulado e, em seguida, alimenta um pequeno motor que aciona e mantém em operação um gerador de energia elétrica.

O sistema foi desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica (ENM) e do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB, coordenados pelos professores Armando Caldeira e Carlos Alberto Gurgel.

Segundo o professor do ENM, com base em cálculos realizados no Laboratório de Energia e Ambiente, se o mesmo gerador utilizado pelo equipamento fosse acoplado somente a um motor que utilizasse 100% do diesel disponível, seria possível gerar até 7,5 quilowatts (kW).

A primeira unidade do equipamento será instalada até o fim de julho em uma comunidade no município de Correntina, interior da Bahia, e terá capacidade de 5 kW. Hoje, essa comunidade tem cerca de dez famílias e vive com apenas 1 kW, o que é suficiente para atender apenas a casa da liderança.

Com o surgimento de novas demandas pelos habitantes da comunidade, os pesquisadores deverão planejar novos pontos de energia.Apesar de inicialmente ter sido planejada para atender à demanda de 5 kW da comunidade de Correntina, o professor da ENM aponta que a tecnologia desenvolvida para o gaseificador permite gerar até 30 kW, o suficiente para abastecer cerca de cem famílias com cinco pessoas cada, no padrão do programa Luz para Todos.

As pesquisas têm apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnlógico (CNPq), das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) e do Ministério de Minas e Energia (MME). Criado em 2004 pelo governo federal, o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica (Luz para Todos), tem o objetivo de levar energia elétrica para regiões isoladas do país, especialmente para a população rural, contribuindo para o aumento da renda familiar.

Fonte: Thiago Romero / Agência Fapesp

Um comentário:

Anônimo disse...

O autor conhece o gaseificador do CGPL/IISc no Bangalore, Índia? Seria interessante comparar os desempenhos. Qual o nível de alcatrão no gás manufaturado pelo gaseificador da UnB? Qual o rendimento do gaseificador (poder calorífico do gás/poder calorífico da biomassa)?