terça-feira, 3 de abril de 2007

Porcelana fina feita com ossos agora tem tecnologia brasileira

Uma porcelana com maior alvura, leveza, resistência e valor do que a comum. Assim é a porcelana de ossos, material originariamente produzido na Inglaterra, que o físico Ricardo Yoshimitsu Miyahara desenvolveu com matérias-primas totalmente brasileiras em estudo inédito realizado no Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da USP.

Utilizando cinzas de ossos bovinos, caulim (tipo de argila) e feldspato (rocha dotada de propriedade fundente), Miyahara conseguiu, em seu doutorado, produzir uma porcelana com propriedades superiores às do material inglês, que emprega a "cornish stone", uma matéria-prima específica daquele país.Além de resultar numa louça de maior valor agregado e de ser a única cerâmica feita com alguma matéria-prima renovável, a porcelana de ossos tem potencial de utilização na produção de próteses odontológicas mais resistentes e de melhor resultado estético.

A chave para uma porcelana de ossos de qualidade está no controle das condições de produção. A formulação (50% de cinzas de ossos, 20% de caulim e 30% de feldspato), associada ao tempo de moagem de 24 horas e à temperatura ideal de queima do material (1270 graus Celsius) resultou numa porcelana de ossos quase duas vezes mais resistente que a porcelana comum e tão branca quanto a porcelana de ossos inglesa.

Além da Inglaterra, que produz a porcelana desde o século dezoito, apenas Estados Unidos e China fabricam essa cerâmica, cujo custo de importação é muito alto.

Além de compor esse tipo de porcelana, as cinzas de ossos poderiam ser utilizadas para produzir bioimplantes, substituindo materiais como a platina, que podem causar rejeição em alguns casos.

Segundo o pesquisador, os ossos, depois de lavados e queimados, transformam-se em hidroxiapatita, um mineral dotado de propriedades de biocompatibilidade.Apesar de existir na natureza, a hidroxiapatita contém uma série de contaminantes. Apenas em sua forma sintética - e de elevado custo - o material está livre deles.

Fonte: CCB

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