sexta-feira, 15 de junho de 2007

Nanotecnologia ajudará no tratamento de tuberculose

Visando contribuir para o tratamento e controle da Tuberculose doença que ainda é considerada um problema global, matando a cada ano cerca de dois milhões de pessoas, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), órgão público federal vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), vem trabalhando na produção de nanopartículas poliméricas biocompatíveis capazes de conduzir o fármaco e promover uma liberação pulmonar controlada e localizada dos tuberculostáticos.

Nos países pobres, o avanço da doença é acelerado principalmente pela precariedade dos sistemas de saúde e rapidez no desenvolvimento de resistência do organismo aos fármacos utilizados no combate à doença, entre outros fatores. O Brasil, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), ocupa hoje o 16º lugar em notificações de casos de tuberculose no mundo. Esse problema não resulta apenas de dificuldades econômicas, mas também de deficiências tecnológicas, culturais e de políticas públicas de saúde.

Sob o aspecto tecnológico, o Brasil enfrenta restrições na produção de medicamentos tuberculostáticos e depende da importação da restrita oferta desses fármacos no mercado internacional. Além disso, há pouco investimento em novos métodos terapêuticos para o tratamento, que hoje envolve o uso de, pelo menos, três medicamentos, conforme a resposta clínica do paciente. A necessidade de ingestão diária de muitos comprimidos e cápsulas aumenta a chance de esquecimento ou de abandono – causado também pela falta de medicamento nos postos de saúde –, colocando em risco o tratamento. A toxicidade, principalmente da pirazinamida e isoniazida, proporciona desconforto aos pacientes. O bacilo se torna cada vez mais resistente, elevando custos do tratamento e trazendo mais dificuldades ao paciente.

O trabalho realizado pelo INT - produção e avaliação física e química -, em parceira com a Universidade Federal Fluminense (UFF) - avaliação da biocompatibilidade e toxicidade - e a Universidade de São Paulo (USP) - avaliação de fagocitose de macrófogos -, visa eliminar ou minimizar problemas detectados no tratamento.

As nanopartículas poliméricas são usadas para veiculação pulmonar por aerossóis e objetivam facilitar o tratamento pela circulação de três tuberculostáticos num único sistema e aumentar a eficácia dos fármacos com redução de dosagem.

O sistema proposto pelo projeto é fundamentado em nanopartículas de poliácido lático e copolímeros de ácido glicólico contendo rifampicina, isoniazida e pirazinamida, os três principais medicamentos do tratamento. Ele permite levar os remédios às células sadias e infectadas e também a liberação in situ dos fármacos, o que representa um tratamento mais pontual, diretamente no pulmão, diminuindo os efeitos colaterais dos medicamentos.

O foco da pesquisa e seus objetivos serão apresentados no ciclo de palestras "Terças Tecnológicas", no próximo dia 19. Excepcionalmente este mês, o evento será às 10 horas. A palestra "Nanotecnologia no combate a tuberculose: desenvolvimento, caracterização física, química e análise biológica" será ministrada pelos pesquisadores Fabio Dantas, do INT, e José Mauro Granjeiro, da UFF.

O evento é gratuito, aberto ao público, e a inscrição deve ser feita até segunda-feira (18), pelo site www.int.gov.br/3tecno.

O ciclo "Terças Tecnológicas" é voltado para estudantes de graduação e pós-graduação, buscando estimular o debate e a interação entre tecnologistas do INT e o público universitário, permitindo aos estudantes conhecer os projetos, pesquisas e tecnologias desenvolvidas no Instituto.

Fonte: Int / Agência CT

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