sexta-feira, 4 de maio de 2007

Esgoto sanitário vira alternativa sustentável para produção de biodiesel

Em um planeta que é cada vez mais carente de recursos naturais renováveis e sofre com a degradação causada pelo excesso de lixo nas ruas e nas águas, o Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) decidiu apostar no potencial da utilização de uma fonte um tanto inesperada para gerar combustível. Transformar esgoto sanitário em biodiesel é a proposta de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) da Coppe.

"A conversão de esgoto em biodiesel foi testada pela primeira vez no final de 2002. Na época, o Ivig foi contratado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae-RJ) para avaliar o potencial de aproveitamento energético de seus resíduos. Foi verificado que o biogás, a gordura presente na escuma (o resíduo flutuante da superfície do esgoto), podia ser utilizado para abastecer as estações de tratamento de esgoto", diz o pesquisador Luciano Basto, que idealizou o estudo.

Basto, que além de matemático é mestre e doutor em planejamento energético com ênfase ambiental, afirma que a conversão da escuma em biodiesel é similar a outros insumos residuais já conhecidos, "ainda que o beneficiamento requeira cuidados especiais, como a destilação a vácuo para garantir o atendimento às especificações".

A técnica teve patente requerida em abril de 2003 no Brasil e um ano após no exterior. Em junho de 2004, a equipe do Ivig encaminhou uma amostra dos resultados obtidos para um laboratório em Stuttgart, na Alemanha. Os testes mostraram que este biodiesel de esgoto atendia a 20 das 24 especificações européias.

As estações de tratamento para converter o esgoto em combustível são custeadas pela Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep/MCT). tiveram sua instalação iniciada em abril de 2006.

De acordo com Luciano Basto, são numerosas as vantagens oferecidas pelo biodiesel, tanto do ponto de vista ambiental como do social e do econômico.

O pesquisador do Ivig informa que, enquanto o biodiesel de óleos vegetais novos evita a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa decorrentes da combustão do óleo diesel, o biodiesel de esgoto evita a emissão de gases resultantes da decomposição da gordura do esgoto depositada em aterros sanitários.

Fonte: Fundação Banco do Brasil

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