domingo, 27 de maio de 2007

Análise de saliva para detecção rápida do vírus da hepatite A

Uma nova metodologia para detecção do vírus da hepatite A com base em amostras de saliva, desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, pode contribuir para o controle epidemiológico da doença durante surtos. Diferentemente do diagnóstico com base em amostras de sangue, utilizado hoje, o método inédito validado pelo Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC permite identificar os casos da doença mesmo em pessoas infectadas que estão no chamado período de janela imunológica (antes de produzirem anticorpos para combater o vírus). Apenas em 2005 a hepatite A atingiu mais de 18 mil brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde.

A análise por PCR em tempo real de amostras de soro e saliva para detecção e quantificação do vírus da hepatite A indicou a presença de maior carga viral no fluido oral.A pesquisa analisou 127 pessoas envolvidas em um surto da doença ocorrido em outubro de 2005 em uma creche municipal na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.

O trabalho, desenvolvido durante o mestrado da biomédica Luciane Amado, teve início ainda na graduação da pesquisadora, que verificou a possibilidade de utilizar amostras de saliva para a detecção de anticorpos das hepatites A, B e C – processo habitualmente feito a partir da coleta de sangue. Os resultados positivos estimularam a pesquisadora a dar continuidade à pesquisa.

Na primeira etapa do estudo foram coletadas amostras de sangue e saliva da população envolvida no surto ocorrido na creche do Jacarezinho e de pessoas que tiveram contato com elas e que, apesar de não terem apresentado sintomas, poderiam estar infectadas. As análises constataram que 83% dos indivíduos estavam infectados e que a maioria (64%) era assintomática. A evolução assintomática da hepatite A contribui para a disseminação da doença e por isso detectar o vírus rapidamente é fundamental para o controle de surtos – daí a importância de um teste que permita a detecção do vírus mesmo no chamado período de janela imunológica.

A eficiência do novo método diagnóstico para a detecção molecular do vírus foi comprovada na segunda etapa da pesquisa que, por meio da quantificação da carga viral das amostras de saliva, demonstrou que o fluido oral apresenta maior virulência que amostras de sangue.

Depois dos resultados satisfatórios obtidos no mestrado de Luciane, o Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC pretende fazer pesquisas semelhantes e aplicar o método a outros surtos, que permitam estudos epidemiológicos mais amplos.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

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