Segundo Suzana Maria Valle Lima, PhD em Sociologia das Organizações, a pesquisa em rede pretende medir o desempenho das cadeias produtivas das culturas mais importantes para o desenvolvimento do Programa Nacional do Biodiesel. Ela esteve
O projeto teve início em 2006 e tem previsão de conclusão para 2008. O produto desse trabalho deve ser um livro com os resultados das avaliações e a comparação de competitividade entre as cadeias. “Estamos elaborando um estudo de prospecção, isto é, um estudo da situação atual e um estudo de futuro para cada cadeia, porque é preciso considerar o gap temporal da pesquisa, porque o produto das pesquisas vai estar disponível só em cinco seis anos. Pode ser até que os cenários se alterem nesse intervalo”, diz Lima.
A base da pesquisa é verificar os indicadores de desempenho de cada cadeia produtiva a partir da avaliação dos potenciais de eficiência, qualidade, competitividade, equidade e sustentabilidade. O item equidade merece destaque porque é através dele que os pesquisadores vão observar se a tecnologia gerada possibilitou a geração de renda equilibrada entre os diversos segmentos que participam das cadeias.
Na avaliação da eficiência, por exemplo, os pesquisadores querem saber se as tecnologias disponíveis para o processamento de óleo garantem a rentabilidade necessária para sustentar a cadeia produtiva. A qualidade dos óleos produzidos tem um peso importante no estudo. Sabe-se, nesse sentido, que o óleo da soja possui um percentual elevado de iodo, aquilo que os técnicos chamam de “rancidez”. Esse é um fator desfavorável ao biodiesel originário da soja, dizem os especialistas.
Outro aspecto importante é o balanço energético das culturas (quanto cada cultura consome de energia para produzir bioenergia). Nesse aspecto a soja também leva desvantagem já que essa relação fica em torno de 1.42, ou seja, ela, praticamente, não consegue sequer dobrar a quantia de energia que consome para realizar a transformação dos grãos em óleo.
Uma outra preocupação dos pesquisadores se relaciona com a dicotomia entre o aproveitamento de algumas culturas para alimentação ou para a geração de bioenergia, a exemplo da soja, canola, girassol e do dendê.
Um dado importante no mercado nacional de óleo é que o país só consegue produzir pouco mais de oito milhões de metros cúbicos de óleos vegetais e gorduras de origem animal, enquanto que a demanda brasileira, entre 2004 e 2005, foi de quase 40 milhões de metros cúbicos desses produtos.
Comparando as cadeias produtivas fontes de biodiesel, nota-se que o dendê ganha disparado de culturas como a mamona e a soja, quando o quesito é rendimento de óleo por cada tonelada do produto bruto por hectare. Enquanto o dendê pode alcançar até seis toneladas de óleo por hectare plantado, a mamona chega no máximo a uma tonelada, e a soja a 0,6. Em compensação, a mamona tem um rendimento bruto de óleo de até 48%, enquanto o dendê só consegue alcançar 26%. É esse tipo de comparação que os pesquisadores devem detalhar nos próximos meses, para indicar as culturas mais viáveis ao longo prazo.
Mercado
O Brasil consome anualmente cerca de 42 bilhões de litros de diesel. Grande parte desse volume vai para os transportes, algo em torno de 33,73 bilhões litros/ano (80,3%); 6,84 bilhões litros/ano (16,3%) são consumidos pela agricultura. O setor industrial precisa de 0,92 bilhão litros/ano (2,2%); A produção de óleo de dendê é tão incipiente que o país precisa importar o produto da Malásia, maior produtor mundial. O mercado interno ainda carece de uma Importação de diesel de 6% a 8% do consumo. Para a produção do diesel dos tipos B2 ou B5 são necessários de 840 milhões a 2,1 bilhões de litros por ano de biodiesel.
Fonte: Embrapa
Um comentário:
Apartir da estimativa de quanto deve-se produzir de biodiesel, percebi que o B2 e B5 em cima de todo o consumo de diesel e não apenas ao de transporte. Bom saber e melhor assim.
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