Como o projeto se encaixava perfeitamente em seu negócio, a empresa de São Carlos, no interior paulista, decidiu investir na transformação do protótipo universitário em produto comercial. Para isso, licenciou da Unicamp a patente do monitor; e pediu um financiamento à Fapesp dentro do PIPE, o programa que apóia as pequenas empresas interessadas
O novo monitor da Enalta analisa a produtividade das áreas em que a cana é colhida mecanicamente por meio de sensores que alimentam um software. Os sensores medem dados como o peso da cana que a esteira da colhedora joga no transbordo (veículo de transporte da cana até a usina) e a velocidade de deslocamento da máquina. Com esses dados, e mais as informações sobre a posição geográfica obtidas por meio de um GPS, o software gera um mapa de produtividade, a partir do qual é possível, por exemplo, identificar a melhor variedade de cana para determinado trecho da fazenda e corrigir a quantidade de fertilizante ou de água no solo.
O custo de cada monitor foi de R$ 30 mil. Nesse preço, estão incluídos o treinamento de funcionários e a instalação. De acordo com Cleber Manzoni, dono da Enalta, esse será o preço médio de venda do produto. Os fabricantes de colhedoras pagarão um pouco menos, por comprarem
Agricultura de precisão chega à cultura da cana
A chegada do monitor ao mercado abre caminho para o emprego da agricultura de precisão no cultivo da cana-de-açúcar no Brasil, afirma o professor Paulo Graziano, que orientou Domingos Cerri. Graziano diz que essa técnica ainda não é aplicada em escala comercial no País, embora existam muitos estudos teóricos sobre o assunto e algumas tentativas de grupos de pesquisa que trabalham com a cana colhida manualmente.
Segundo ele, a tecnologia de produção da cana é bastante atrasada se comparada à de cereais como o milho, o trigo e a soja.
O baixo índice de mecanização é uma das barreiras para a expansão da área plantada — movimento que tem sido estimulado pelo crescimento da procura por combustíveis alternativos.
Além de aumentar a mecanização no campo, Graziano diz ser necessário aprimorar as máquinas que fazem a colheita. Como exemplo, ele conta que as colhedoras de cana conseguem colher somente uma fileira plantada por vez, enquanto as de soja colhem várias linhas ao mesmo tempo. Outro problema diz respeito ao fato de o açúcar se concentrar junto ao pé da cana, obrigando que o corte seja feito o mais rente possível da terra.
As dificuldades não param por aí. Graziano lembra que é preciso encontrar um meio de aproveitar a palha da cana, que hoje é deixada no campo, e de melhorar as espécies para que produzam mais etanol.
Fonte: Inovação Unicamp
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